Panorama do Mercado Financeiro em 8 de Maio de 2025

Confira o resumo do mercado financeiro em 08/05/2025: dólar em alta, Ibovespa em queda, expectativa sobre juros e destaques econômicos do dia.

MUNDO

Gustavo Sobral

5/8/20255 min read

Na abertura da semana, o mercado brasileiro seguia influenciado pelas decisões de juros no Brasil e nos EUA – a chamada “Super Quarta” – e pelo cenário externo, incluindo a guerra comercial EUA-China. A cotação do dólar permaneceu elevada: na terça-feira (6), o dólar comercial fechou em R$ 5,71 (+0,37%), depois de atingir R$ 5,73 no intraday. A indefinição sobre tarifas internacionais levou investidores globais a buscarem proteção em dólar, pressionando o real. Com isso, o dólar acumulava alta de +0,6% em maio. No dia 7, após o Federal Reserve manter as taxas em 4,25–4,50%, a divisa saltou para R$ 5,744 (+0,58%). Essa forte cotação do dólar, próxima da máxima do ano, permanece no radar dos investidores, pois encarece insumos importados e tende a elevar a inflação interna.

Desempenho do Ibovespa

O principal índice da Bolsa (Ibovespa) reagiu de forma volátil a esses eventos. Na terça-feira, o Ibovespa oscilou, mas terminou praticamente estável em 133.516 pontos (+0,02%). A alta do petróleo (+3,17% no dia) ajudou as ações da Petrobras – as ordinárias (PETR3) subiram +1,57% e as preferenciais (PETR4) +1,65% –, sustentando o índice. Na quarta (7), o Ibovespa chegou a cair em torno de 0,2% durante a manhã, diante da expectativa de alta de juros no Copom. Sectores de consumo e agronegócio sofreram quedas pontuais após balanços fracos: por exemplo, as ações da locadora Vamos (VAMO3) caíram cerca de 8,7% após divulgar forte recuo de lucro no 1T25, e a RD Saúde (RADL3) recuou 7,9% após resultado decepcionante. Esses tombos de papéis individuais pesaram no Ibovespa. Ainda assim, a Bolsa conseguiu se manter em torno dos 133 mil pontos, amparada pela recuperação das petrolíferas e de mineradoras. Como noticiado, o Ibovespa acabou encerando em leve baixa na quarta, refletindo a cautela dos investidores naquele dia.

Expectativas sobre o Copom e Selic

O mercado já projetava que o Comitê de Política Monetária elevaria a Selic de 14,25% para 14,75% ao ano em sua reunião de 7 de maio. Conforme divulgou a imprensa, “grande parte dos analistas espera que a taxa básica suba 0,50 ponto percentual, chegando a 14,75% após a reunião do Copom”. Essa previsão já havia sido refletida no Relatório Focus divulgado pelo Banco Central. Em consonância, economistas e bancos projetavam que esse seria o último grande ajuste do ciclo de aperto; por exemplo, o Goldman Sachs sinalizava que a Selic chegaria a 15% ao ano em 2025 com mais um aumento em junho. Essa expectativa levou o mercado de juros futuros a acomodar praticamente todo o movimento, e abriu a possibilidade de que o Copom reduza o ritmo de aumentos ou até antecipe cortes no segundo semestre. Na prática, o próprio boletim Focus revisou para baixo suas projeções: já em 2025 a Selic esperada passa a ser de 14,75%, indicando fim do ciclo de alta.

Influência do Federal Reserve e cenário global

No exterior, a pauta foi dominada pelo Federal Reserve. Em 7 de maio o Fed manteve os juros americanos entre 4,25%–4,50%, como previsto. Após a decisão, o presidente Jerome Powell reafirmou que “a inflação continua elevada” nos EUA, mas enfatizou que a economia americana segue forte. Esse cenário fez com que os investidores reduzissem a expectativa de aperto adicional no curto prazo, o que beneficiou ativos de risco em geral. Na ocasião, o dólar americano se valorizou globalmente (índice DXY subiu) e as bolsas de Nova York oscilaram sem direção definida. No Brasil, o impacto foi misto: a cautela externa manteve uma certa pressão sobre ações locais, mas o real já estava muito desvalorizado frente ao dólar. De todo modo, analistas apontam que a manutenção das taxas nos EUA tende a aliviar fluxos, a exemplo do ingresso líquido de R$ 2,3 bilhões em ações brasileiras entre 2 e 8 de maio.

Comportamento das commodities

As commodities tiveram comportamento misto no período. O petróleo seguiu em alta – impulsionado pelas previsões de demanda na Europa e China – o que sustenta as empresas de energia brasileiras. Por outro lado, as commodities agrícolas deram sinais de pressão de oferta. No agronegócio, uma safra robusta reduziu preços: a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais estimou que em maio o Brasil embarcará 12,601 milhões de toneladas de soja, abaixo dos 13,472 milhões no mesmo mês de 2024. A maior oferta elevou as expectativas de recuo nos preços internos. De fato, o indicador de preços do milho caiu cerca de 8,6% em abril, segundo o Cepea, refletindo demanda fraca e estoques elevados. Já o açúcar fechou em patamares mistos: contratos em Nova York variaram pouco, amparados por projeções de safra maior no Brasil. Esse ambiente de commodities influencia fortemente o Ibovespa, pois empresas como Vale, Suzano (papel de celulose) e BrasilAgro acompanham os preços agrícolas e minerais.

Implicações para investidores

Diante desse cenário, as decisões de investimento sofrem ajustes. Com juros altos (Selic a 14,75%), títulos públicos e renda fixa voltam a atrair parte da demanda, especialmente se houver percepção de que a fase de aperto está próxima do fim. O dólar acima de R$5,70 favorece exportadores e estímulos ao agronegócio, mas também implica custo maior de importações e eleva a inflação de alimentos e combustível. A volatilidade nas ações fez muitos investidores operar com cautela nesta “Super Quarta”. Como notou o Genial, apesar da turbulência local, investidores estrangeiros voltaram a aportar na B3, indicando que “o Brasil se destacou como porto de carry trade e exposição a commodities”. Em resumo, oscilam cenários: por um lado, a forte correlação global mantém o mercado de olho em decisões de bancos centrais; por outro, fatores domésticos – como balanços trimestrais e política – reassentam as perspectivas.

Em 8 de maio de 2025 o mercado brasileiro ficou entre as reações aos dois grandes eventos de política monetária da semana: o Fed e o Copom. O dólar seguiu firme em patamares elevados, sustentado pela incerteza global e pela estratégia de precaução de investidores externos. O Ibovespa, por sua vez, encerrou a semana próximo de 133 mil pontos, tendo enfrentado efeitos colaterais de balanços corporativos e do próprio ajuste monetário doméstico. Especialistas destacam que esse nível elevado de juros ao consumidor e o ambiente externo instável podem levar a uma maior seletividade nos investimentos. A leitura mais otimista é que a menor volatilidade externa (com a sinalização do Fed) e o ingresso de capital estrangeiro podem ampliar a disposição a risco. Contudo, caso a inflação persista alta e o Copom adote viés ainda cauteloso, os investidores poderão privilegiar ativos de renda fixa no curto prazo. O balanço final dependerá da confirmação do ritmo de cortes de juros no Brasil e do desenrolar das negociações internacionais, temas centrais no radar do mercado após 8 de maio.

Fontes: Notícias do Mercado Financeiro (Agência Brasil/Imirante; Infomoney e Money Times; análises de mercado; dados setoriais).